quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Na beira de um amor.


    E lá estava ela, mais uma vez totalmente sem máscaras. Frágil como um passarinho que acabou de descobrir que pode voar sozinho. Ela ria em frente aos espelhos e tinha em si um medo gigantesco, do escuro e do eco que sua gargalhada fazia. Mas ela ria de verdade, sem medo disso. Sem medo dela mesma. Sem medo do que ela poderia concluir a seu respeito. Observava sua imagem e sorria sozinha, iluminando sua face mesmo na escuridão. E lá estava ela achando graça de tudo que observava. Achando engraçado o som único que a risada dela tinha.
    Ele olhava pra ela como se não precisasse compreendê-la, e ela gostava disso. Dessa despreocupação que o espelho tinha como qualidade forte. Se ela sorria, ele sorria também. Ela não queria entrar em outro daqueles jogos que ninguém sabe por onde começar, nem que fim pode ter, nem que regras devem seguir. Ela só queria ser ela mesma, com todos os erros que ela sempre cometia. Já estava sozinha a tanto tempo que sua singularidade beirava a perfeição, mas seu amor próprio deixava a desejar. Ela se sentia covarde por não deixa-se amar outra alma além da sua. Ela nunca precisou de nada disso. Agora só queria poder sorrir para ela mesma, fingindo que estava tudo bem. Ela nunca precisou de nada disso, repetia, pois quem sabe assim ela não precisasse de verdade.



Eu-tenho-muito-medo.


- No que você tá pensando? 
- Eu estou pensando em nada. 
    Ah, se esse meu nada falasse tudo que é, e, se esse meu tudo se resumisse em nada, eu estaria livre de nós dois. De toda essa complicação emaranhada que eu mesma criei. Porque você é tão simples, não é? Você é do tipo que tem certeza do que quer. E eu aqui, presa nessa minha confusão que sempre me leva para baixo, que sempre me arrasta para o escuro. Eu e essa minha mania de confundir os outros e acabar confundindo a mim mesma. 
    Ah querido, eu queria te levar para passear num mundo interno. No mundo dos meus desejos, onde os meus sonhos criassem vida e interagissem com você. Só assim eu saberia exatamente o que dizer, além de todas essas minhas frases clichê que já não te comovem mais. Mas me perdoe, por todo esse meu jeito torto e errado. Não sei mais pra onde fugir, pois cansei dessa minha mania feia de querer matar o que somos, de querer enterrar o que sinto. Eu sinto o mesmo que sempre senti por você, meu bem. E eu não quero mais esconder isso. 
    E esse é todo o meu problema. Sim, problema. Eu-tenho-muito-medo. Sabe quando eu não consigo olhar nos teus olhos? Quando não consigo gritar com você? Eu-tenho-medo disso também. Tenho medo de encarar meus desejos. E por isso eu acabo sempre te ferindo, magoando o pouco de mim que vive dentro de você, numa forma toda torta de não ferir a mim mesma, de um jeito todo errado de não querer me envolver. De guardar a 7 chaves o que sobrou do meu amor. Do que sobrou de mim. 

sábado, 15 de setembro de 2012

Tic/tac.

Meus pés balançam incontrolavelmente junto com minhas mãos que suam devagar. O tic-tac do relógio assemelha-se com uma navalha que perfura meu tímpano e tenta me ensurdecer. Me sinto como uma bailarina quebrada dentro de uma caixinha de música, rodando freneticamente sem ir a canto algum. A vontade de pisar em você, como quem pisa numa ponta de cigarro para apagá-la, se diz cada vez mais nítida no meu consciente. Não consigo mais abafar o som dos gritos no travesseiro surrado. Olho pro espelho procurando encontrar uma resposta através daquela imagem imperfeita, mas acabo criando ainda mais dúvidas e incertezas perante minhas perguntas. Jogada sob o assoalho, reviro os olhos para os pensamentos inoportunos e me sinto frágil e fria, como uma porcelana esquecida no porão de uma casa antiga. O sangue sobe pelas orelhas e se concentra nas maçãs do rosto que agora esfriam devagar, minhas mãos se acalmam e cruzo os dedos, na esperança de tudo voltar a ser como antes. Antes de eu ter conhecido você.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

(Mal) Bem-me-quer.

Ando desatenta pelas ruas quentes e abafadas da cidade que escolhi para viver. Meus braços balançam despreocupadamente, ziguezagueando de um canto ao outro num ritmo constante. Meu rosto ainda arde quando o encosto, fazendo-me lembrar de como consegui o hematoma sobre o cílio esquerdo, e coro imediatamente com a lembrança que me vem a mente. Continuo andando, desajeitada de um jeito semelhante ao seu, tropeço algumas poucas vezes mas continuo em pé, firme, sonhando acordada em quando te verei novamente. Sem que eu possa perceber minhas mãos suam num ritmo desenfreado, minhas pernas ficam moles feito gelatina de morango e minha respiração sente o cheiro das flores pairando no ar. De um jeito atrevido, impetuoso, abro um sorriso largo e arranco despretensiosamente algumas daquelas flores. Passeio saltitando com meu ramo em mãos. Pisco duas vezes e fecho os olhos, numa tentativa frustrada de sintonizar-me em nossa marcha nupcial, mas sou interrompida pelo som alto de uma buzina de caminhão. Continuo andando, agora um pouco mais depressa. Começo meu jogo de bem-me-quer/mal-me-quer, e para a minha felicidade, você me quer bem. Ah amor, acho que fomos feitos um para o outro.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Naufrago utópico.

Numa perfeita utopia encontrei teus passos marcados no chão barrento, que se distanciavam cada vez mais da minha pesada marcha em sua suposta direção. Acreditei piamente em chegar ao fim daquela trilha com sucesso, encontrar talvez em você os pedaços que deixei cair de mim pela longa caminhada. Ofegante, cheguei a canto nenhum. Mas continuei firme e forte esperando sua imagem aparecer como miragem diante dos meus olhos que já se sentiam tão densos e cansados. Esperei minuciosamente qualquer pista, qualquer outra pegada ou migalha jogada pelo caminho. Mas sem que eu pudesse notar me vi perdida do meio daquela imensidão que tentava me apavorar e arrepiava minha pele seca sem piedade. O vento passava depressa pelos escombros e sussurrava-me medo. Mas eu não me sentia só, em momento algum me deixei levar. Seu vulto passava correndo de um canto ao outro, tentando me mostrar o caminho para sair daquela utopia tão magistral. Escorregava entre os galhos secos que vibravam ao som fúnebre das batidas do relógio que marcava meia-noite. Meus gritos eram espasmos perante aquela cena, que na realidade não me transmitia medo ou qualquer outro sentimento que me fizesse suar as mãos que sangravam desesperadamente marcando meu caminho a cada passo torto que eu tentava dar. Eu beirava o esquecimento sob aquela luz opaca que cegava meus olhos lentamente. E depois da espera angustiante e cheia de curiosidade sobre o fim dos meus desejos, beijei a morte sobre uma lamina fria e afiada. Encontrei o que tanto procurava, e agora vivo num sonho eterno.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

(100) Sem flores de papel.

Velha amiga e nada querida insônia. Mais uma vez, eu aqui sofrendo desse mal que leva minha alma pouco-a-pouco como uma droga em que ainda não me viciei. As horas passam e não levam com ela meu cansaço, deixando que ele corroa todos os ossos do meu corpo lentamente, um-a-um de um modo vicioso, como quem traga um cigarro e se fascina com o cheiro da fumaça. Os olhos ardem, a temperatura do meu corpo cai, não sei mais me concentrar em nada. Não tenho nada em que possa me distrair e meu humor já não é mais o mesmo. Procuro diversão em tudo e acho em nada. Só consigo me lembrar de nós, da nossa história. Perco meu tempo relembrando nosso passado, nosso presente. Das nossas brigas que já fazem parte de quem somos. Desse loop eterno de estamos-bem, estamos-mal que já não me abala mais, que eu já nem ligo mais. Pois nós dois sabemos que somos bem mais do que isso, que vivemos no meio de um emaranhado enorme que nos cerca até o pescoço, e quanto mais tentamos nos desfazer de nós mesmos, nos unimos mais. Como quem tenta fugir da própria morte, como quem luta para não se afogar no meio de um oceano frio e vazio. Relutando contra a sorte, talvez até contra o próprio destino. Totalmente em vão. Porque nós sabemos que não existe saída quando um de nós não quer ir embora, que não existe fim sem que os dois digam adeus. E tudo vai continuar igual, do mesmo modo que deixamos quando fingimos ir, quando fingimos não ligar e não nos importar com nada. Pois falta um pouco de mim quando não tenho um pouco de você. Me falta coragem, me falta amor, sentimento. Aquela pitada de doçura que eu sempre me gabei por possuir. E sem você me brota o arrependimento, o remorso constante de ter te deixado ir embora sem lutar, sem pestanejar, sem nem olhar para trás porquê eu sabia que no fim minha alma só iria sossegar com a tua, e que a tua alma só sossegaria com a minha também. Porque no meio desse vicio todo, dessa guerra toda entre o que eu e a maioria representamos a você, sabemos que eu sempre ganho a batalha. Que no fim da noite é sob os meus braços que você deseja estar. E quando você sussurra boa noite, seu sorriso se entristece, porque o vazio da sua cama meu corpo deveria esquentar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Mente conturbada.

Quem dera fossem cristalinos como a água meus pensamentos. Não sei como esconder todos os meus pecados, todos os meus desejos, nem como te explicar todos os meus anseios e todas as minhas frustrações. Deixo que você me entenda como pode, sem que eu o ajude nisso, Querido. No fundo sabemos o que eu quero te dizer, meus olhos dizem muito no que diz respeito a você. Eu tinha medo do passado, ardia em mim lembranças que eu nunca consegui lembrar pela minha falta de memória. Porque talvez eu só me lembre do que quero lembrar. Mas, estou bem agora. Entre sussurros e espirros eu me viciei em nós. E indecisamente cometi mais um erro, daqueles que sempre cometo pela falta de decisão. Deixo que você segure minha mão e que me abrace forte também, pois talvez só assim eu mergulhe num oceano de calmaria e sossego. Entre teus braços, um momento de paz. Encostada em seu peito, ouvindo a única batida que eu tive saudade de escutar. Embalada por nossas almas, sossegada com nosso sossego. Sou a Rainha do nosso conto-de-fadas e ainda não perdi meu Rei.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Prisioneiros de quem fomos.

Eu não tinha caneta, nem lápis, nem papel, nem nada que eu pudesse registrar aquele momento. Eu também não tinha coragem, nem vontade de dizer qualquer coisa que nos estragasse. Minhas mãos tremulas entregavam o meu nervosismo, e meu suor gelado gritava por um banho frio onde eu acordaria daquele velho sonho que de tão suave me dava tanto medo. A escuridão daquele quarto vazio me sufocava, da mesma forma que os olhos dele me sufocavam quando olhavam fixamente nos meus, sem desviar nem por um segundo, me julgando quase como se fossem o próprio purgatório. Eu não entendia muito bem o que os lábios dele pronunciavam, mas tentava com toda a paciência compreendê-lo. Ele falava muito rápido, como se implorasse para que aquele momento terminasse logo e só assim pudesse continuar vivendo em paz, sem mim. Sem a minha sombra que tanto lhe trazia lembranças ruins. Louco para desgrudar-se de mim, que tanto lhe fazia sentir-se mal por ser quem ele era agora. Mas eu segurava a mão dele, ofegante, e ele a escorregava para longe e limpava o suor gelado na calça jeans, azul e rasgada. Tão amarrotada quanto eu estava, tão suja feito o quanto ele se sentia por estar ali, conversando cheio de orgulho e também cheio de medo. Ele tentava se manter seguro, sem descrer de nenhuma palavra pronunciada. Mantinha a postura firme e sem rodeios dizia que não me amava mais. Sem sinceridade ele apontava os pés para mim, erguia a cabeça e mentia mais uma vez: por favor, vá embora. E como se eu concordasse, fui.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vai-e-vem

Pode ser que de manhã ele acorde com uma preguiça danada da vida e se lembre de mim. Que durante o banho frio ele recorde da chuva que já tomamos juntos no final daquele mês em que estamos tão felizes. Talvez, durante o café-da-manhã ele olhe pro relógio, sinta o cheiro da chuva lá fora e ria sozinho, espontaneamente, lembrando que eu jamais estaria acordada àquela hora. Pode ser que nesse exato momento ele esteja em algum lugar, sozinho ou acompanhado, sentindo o vento bater em seu pescoço e relembrando tudo que já fomos um pro outro. Ou talvez ele só esteja com alguém dispersando minha memória ou as reinventando. Durante esse mesmo segundo em que escrevo, ele pode estar revirando desesperadamente as gavetas do armário em busca das nossas fotos que eram tão sinceras e transpareciam amor. Ou talvez esteja chorando na varanda quente, observando o vai-e-vem das pessoas que se dizem sempre tão apressadas. Pode ser que ele ainda sinta minha falta, mas que assim como eu, prefira guardar suas mágoas e suas emoções em silêncio. Pode ser também que ele não se lembre mais de mim, ou quem sabe, por ironia do destino ele possa estar pensando em mim agora. De alguma forma, acho que estamos conectados. Mas pode ser que só eu pense nele, que só eu sinta sua falta. Que só eu revire minha caixa-de-recordações em busca de fotos que me façam chorar calada. Ou que só eu relembre das competições esquisitas, e das brigas que sempre tivemos. Talvez, só eu, ache que ele faz falta. Mas pode ser que em alguns anos a gente se encontre, e eu conte a ele todas as minhas lembranças. Talvez a gente vá rir junto, ou chorar junto. Ou talvez a gente nunca mais se encontre. Pode ser que a gente passe a lua-de-mel em algum lugar bonito e tranquilo, que eu deite em seu colo e me sinta protegida de novo. Ou que a gente nem seja convidado para o casamento um do outro. Afinal, a gente nunca sabe o que o destino reserva pra gente.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Tudo menos nexo.

Nervosismo, incerteza, insegurança. Espanto, coração apertado, mãos tremulas. Vestido justo, salto alto, andar desleixado. Olhar seguro, pensamento disperso, suor gelado. Dança, ritmo, música. Abraços, apertos, mordidas. Sentimentos estranhos, borboletas no estômago, caixas de luto. Boca seca, pernas bambas, mente revirada. Surpresas, espanto, calúnia. Lágrimas, risos, beijos. Memórias, irritações, gritos. Nada fazendo sentido. Nada contribuindo ao fluxo perfeito da memória. Estrago, reparo, conserto. Feridas abertas, meninas discretas, romance. Sedução, intimidade, envolvimento. Cicatriz, carinho, desatenção. Pobre do menino que feriu seu coração. Fumaça, fogo, corrida. Quente, amargo, estranho. Sem dó nem piedade, sem compaixão nem serenidade. Sem nexo, sem amor, sem dor.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Dispersando você.

Mordo minhas unhas cor de ouro, as vejo cintilando de uma maneira incrivelmente perturbadora. Nunca me distraí tão facilmente quanto me distraio agora. Observo lentamente as paredes do quarto, conto devagar as borboletas penduradas uma a uma como quem conta carneirinhos para conseguir dormir. Passo rapidamente por todos os canais da TV a cabo, mas não encontro nenhum que prenda minha atenção. Mergulho a cabeça entre os travesseiros, simulando uma asfixia até meu coração bater depressa, e, repentinamente sem que eu possa notar, eu levante a cabeça num ato involuntário e puxe a maior quantidade de ar possível. Continuo anestesiada, observando a movimentação da poeira que aparece com tamanha nitidez sobre a luz no abajur que combina com minha unha dourada. Tento me manter distraída conversando com meu macaco de pelúcia verde que tanto te adorava. As horas passam depressa. Os pensamentos voam a mil por hora. Estalo meus dedos impulsivamente, uma nova mania que arrumei para me distrair ainda mais. Caminho lentamente até a varanda, para que eu possa sentir o vento arrepiar minha pele. Conto as formigas que já morreram pisoteadas sob o assoalho. Vasculho com minha visão meio míope as gavetas abandonadas da sala-de-estar, persistindo em procurar algum recado que não me foi entregue. Exploro todos os cantos da casa e todas as maneiras de como se sentar no sofá. Abro e fecho minha caixa-de-luto consecutivas vezes ao dia. Tento me libertar, mas sou agora, nesse momento, uma menina que não consegue pensar fora da caixa.

sábado, 12 de maio de 2012

Fadigada.

Ando sem inspiração pra nada. Me falta aquele fogo que eu tinha, mas que agora se perdeu. Ando também sem vontade de nada. Com aquela angustia indesejada que vem pra ficar. Sinto-me como um balão que caiu depois que usou todo seu gás para subir até o céu. Sim, eu cai num lugar macio e agradável. Mas ainda assim, eu cai. Posso não ter me machucado muito, claro, mas mesmo assim eu continuo aqui, sem salvação. Esperando o socorro chegar e me cobrir de mimos. Na espera de alguém aparecer e me salvar dessa cascata de alfinetes que está me machucando devagar. Ando também sem apetite de nada. Lembro-me quando eu era desejosa de amor, de atenção, de carinho. Hoje? ando sem fome, sem essa gana por sentimento. Eu estou com aquela sensação estranha de não ter nenhuma sensação. Um medo incompreendido de não ser compreendida. Ando também fadigada de tudo. Com aquela velha vontade de correr sem rumo e gritar bem alto. Mas eu não sei o que quero gritar, nem tampouco pra onde quero fugir. Mas não importa, o que importa mesmo é só aquela sensação de liberdade. Que pra mim, é a melhor que pode existir. Ando meio estressada pra tudo. Sem paciência para resolver pequenos problemas, discussões, grandes polêmicas ou simples contas de mais, ou de menos. Sabe aquela vontade de jogar tudo pro alto? Aquela hora em que a gota que vai fazer tudo derramar ou explodir pinga bem em cima da sua ferida? Eu ando com uma goteira enorme dentro de mim. Mas de alguma maneira, ainda consigo me manter em paz. Ando meio machucada com tudo. Como se tudo fizesse uma enorme importância, que de tão importante deixasse de importar. Por tanto, ando sem me importar com nada. Ando também descrédula de tudo. Sem essa de me fazer acreditar com facilidade, já passou meu tempo de boba. Agora eu ando com meu pé pra trás. De tão desconfiada, chego quase a não andar pra frente.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

(De)Luto por nós.


Estou de luto. Estou de luto pelo nosso amor. Esperando uma salvação que não vai nos salvar, nem tampouco aliviar nossa tensão. Não somos mais os mesmos. Não temos mais a mesma disposição. Apenas nos deixamos levar pelo tempo e nos esquecemos devagar. Enterramos tudo que éramos num cemitério só nosso. Deixamos todos os nossos sonhos enterrados lá também. Esquecemos de visitar o que nos restava, e hoje tudo morreu de vez. Camuflei a esperança entre as flores que eu levava aos domingos. Não me deixo mais levar, porque já desmereço nosso amor. Me esqueci de esquecer que não te amo mais. Não deixo mais a porta aberta, nem levo mais flores ao nosso túmulo. Lembra-se daquele amor, que se dizia tão grande? Hoje não passa apenas de palavras ditas da boca para fora, por um menino que nem sabe o que diz. Somos agora como duas pessoas que nunca se cruzaram. Desconhecidos, loucos e sem nenhuma ligação. Nosso destino deixou de importar. Finjo que está tudo bem, porque realmente está melhor do que quando éramos um só. Somos como almas gêmeas que se encontraram, mas se rejeitam. Nossa história teve um fim antes de finalmente começar. Não luto mais, não finjo mais, não te quero mais. Estou de luto, pela nossa falta de luta. Por sermos o que nos tornamos. Por não sermos nós.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Várias numa só.


Um pouco doce, um muito amarga. Um tanto boba, meio rouca, meio torta. Um bocado ingênua, um bastante esperta. Um pouco de todos, um muito de cada. Um pedacinho daqui, um pedacinho dali. Uma colcha de retalhos de personalidades. Esquisita hoje, estranha amanhã. Madura, verde-azulada. Criança, menina-mimada. Aquela que perdeu o dom de persuadir. Moleca, sapeca, sem graça, desgraça. Tudo que toca vira pó. Faz música com o olhar. Vira boneca de pano sem coração. Cria voo-doo e faz mandinga. Tem ciúme da sombra que a segue. É doce, mas também é amarga. Se entrega, espera, faz planos. Machuca-se, corrói, desintegra. Não tem direção para seguir. Grita, fala baixo. Espera o eco responder o seu apelo. Garota, meio louca. Meio menina, meio mulher. Brinca de colecionar decepções. Ela ri, mas também chora. Ela olha, mas não vê. Assusta a criança que mora dentro de si. Bota de castigo, prende na senzala. Nunca toma decisões. Incerta, descrédula, sem opinião. Impetuosa, valente, de bom coração. Moça apaixonada, desejosa de amor. Em busca da luz própria. Corre atrás da luz no fim do túnel. Não tem medo do trem.


Aninha

domingo, 15 de abril de 2012

Me mostra mais de você.


Ei garoto, por que você não volta aqui e termina o que começou? Por que você não explica tudo isso que você sente de uma maneira mais clara? Você sabe que eu tenho problemas de compreensão, e que é difícil pra mim entender suas metáforas. Não adianta negar, não adianta fingir. Porque as vezes, mesmo sem você dizer nada, eu sei o que você quer falar. Então fala, me fale de você. Me mostre mais sobre o seu mundo, sobre seus gostos. Quero saber todos os teus medos, e todos os teus sonhos também. Quero saber em quem você pensa quando fecha os olhos, ou pra onde você vai quando não quer pensar em ninguém. Bem que você poderia me fazer uma lista ou um mapa, me mostrando pra que direção seguir. Fico perdida no meio dessa confusão que somos nós dois. Até minhas vontades se confundem, e meus sentimentos se alteram. Só me acho de novo, quando te acho também.


Aninha

quinta-feira, 29 de março de 2012

Eu juro que vou.


Como eu queria que você me chamasse agora. Pra qualquer lugar, eu iria. Eu juro que iria. Até pra tomar aquele café gelado de dois dias atrás, ou pra sentar numa calçada e conversar sobre nada. Pra beber aquele suco de maracujá sem açúcar na padaria da esquina, ou pra comer um sanduíche de queijo em qualquer lugar. Só bastaria um convite, um convite inocente e bobo, daqueles sem segundas intenções. Eu juro que me comportaria, que não conversaria sobre nada do que você não quisesse falar. Só sua presença já acalmaria minha alma que se diz tão confusa, tão bipolar. Porque raios você não me liga agora? Porque não recebo mais suas mensagens? Me iludo pensando que é culpa da operadora, e meu coração bobo se conforma com isso. Eu queria mesmo você aqui, para fazer pedido e assoprar esse cílio que acabou de cair.


Aninha.

Deixo assim ficar.


Por um momento me pareceu sensato te dizer tudo que eu sentia, falar tudo aquilo que tava engasgado dentro do peito. Do minimo detalhe até a palavra de maior importância. Contei tudo, uma, duas, três vezes. Abri meu coração da forma mais pura e inconsequente, sem medir esforços, sem medo de como você iria me olhar dali pra frente. Perdi toda a vergonha que me rodeava, todo o receito, e deixei todo o meu orgulho de lado. Confesso que talvez, eu não fizesse tudo de novo, mas diria tudo exatamente do jeito que disse. Só faria diferente. Você teria que olhar fixamente nos meus olhos, sem desviar o olhar para baixo, ou para o lado. Sem fingir que olhava pra formiga que subia a parede, ou que contava as flores no gramado. Eu te contaria tudo da forma mais sincera, caso você perguntasse. Nossos olhares estariam se cruzando, pois só assim eu saberia exatamente o que dizer.
Mas as coisas continuam do jeito que já estiveram. E hoje eu deixo tudo como está. Deixo assim ficar, porque uma hora aquele orgulho que foi embora vai voltar. O orgulho que me impede de correr atrás de você como se você fosse o ultimo raio de sol, ou a ultima gota de água. Aprendi a viver sozinha no meio dessa gente toda, aprendi a caminhar conversando com meus próprios botões.
Hoje eu sinto falta de você, mas amanhã pode ser que não.


Aninha.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Meio torto, meio bobo.


E eu estou aqui presa nesse planeta esquisito, com toda essa gente estranha que insiste em me olhar de lado. Vivendo dentro dessa bolha invisível que eu mesma criei, que chamo de meu próprio mundo. Um mundo só meu, onde o número de habitantes não passa de 1.
Um lugar as vezes frio, as vezes quente. Meio torto, meio incerto. Um tanto errado, um pouco bobo, mas completamente meu.
E quando eu insisto em sair, eu sempre me decepciono com o que encontro. Como essa gente toda, que diz ser de carne e osso, que abre a boca e estufa o peito pra dizer que é ser humano, só consegue amar se for desse jeito todo torto?


Aninha.

terça-feira, 13 de março de 2012

"Oi, tudo bom?"


Eu duvido. Duvido que você não sinta falta do meu abraço, do meu chamego. Duvido que você não tenha saudade do meu cafuné, dos meus dedos encaixando perfeitamente entre os teus. Duvido que você não sinta aquele arrepio de nostalgia quando escuta meu nome, que teus olhos não vibrem quando se lembra de mim. Duvido também que sua pele não sinta falta da minha, que seus lábios não sintam falta dos meus. Duvido que sua alma não se sinta sozinha, que suas costas não sintam falta das minhas unhas deslizando de um canto ao outro. Duvido que você não se lembre com saudade das mordidas que você tanto implicava, que seu sorriso não sinta falta de sorrir junto ao meu. Duvido que você não sinta saudade do que fomos, não sinta falta do que eramos juntos. Duvido que você não ria sozinho lembrando das bobeiras, dos risos sem motivo, das conversar sem noção. Duvido que você não sinta falta de alguém sussurrando no seu ouvido "Oi, tudo bom?". Duvido que você não pagava pra ver até onde chegaríamos, até que ponto iriamos aguentar juntos. Porque eu estou aqui, do outro lado da tela, sentindo falta de tudo que passamos. Mordendo minha própria pele que sente falta da tua. Sentindo teu perfume em todas as esquinas, que me persegue como se fosse uma punição. Aguentando firme e mandando embora a saudade, a saudade que me corrói de nostalgia, que me enche de vontade de largar tudo e sair correndo sem medo do que vão pensar, sem medo do que você vai pensar. Porque quando olho pra minha própria imagem no espelho, minto pra mim mesma e repito em voz alta: Eu não sinto sua falta.


Aninha.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O agora é tempo de amor.


O tempo está passando muito rápido. Esse vento está me deixando arrepiada, e eu estou sozinha, no meio de uma grande multidão. Quero suas mãos pra encaixar nas minhas, pra onde você foi? Porque tudo ficou tão frio de repente? Era tudo tão inocente, tão sincero. E hoje eu me pergunto se tudo aconteceu de verdade, ou se foi só uma ilusão. Olho dentro dos teus olhos e não enxergo mais a mesma pessoa que eu me apaixonava. Mas ainda sinto aquele arrepio na espinha quando você chega perto e me faz sorrir. O tempo está passando muito rápido. E minhas memórias estão ficando cada vez mais distantes, meus planos agora mudam de planos. Eu me lembro daquele ano novo, onde tudo não passava de romance. O branco me trazia paz e seu olhar me enchia de esperança. Esse tempo tá passando muito rápido, e eu estou me arrependendo por não passar com você.
O meu agora é o seu depois, e eu não quero mais gastar todo o meu tempo.


Aninha.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Vertigem.


Vivo em meio a uma vertigem constante. Uma loucura passageira que não passa. Que confunde minha própria existência. As vezes não sei quem sou, e me perco entre distintas personalidades. Hora sou uma, outrora sou outra. No final das contas, sou sempre a mesma. Mas sempre de uma maneira diferente. Calculando meus pensamento e minhas ações, contendo meus sentimentos e minhas emoções.
Por vezes me vejo como um arco-iris de puro romantismo. Mergulhada em fantasias amorosas, em relacionamentos fantasiosos. Numa utopia muito mais que imaginária. Paralela a aquela em que vivo. Me olho no espelho e vejo uma menina cheia de carinho e de esperança, transbordando amor.
Mas me confundo os pensamentos, troco de personalidade assim como troco de roupa, fecho a cara. Brigo com o mundo. Me revolto com a vida e com os acontecimentos. Viro outra, visto minha máscara que esconde minhas fraquezas. Não revelo meus pensamentos, finjo que estou bem. Confundo mais ainda as pessoas que acham me conhecer, mas que só conhecem uma parte de quem sou. Menina cheia de nuances.
Sou várias, mas também sou apenas uma.


Aninha.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Eu sou música para os dedos.

Eu suponho que minha pele faz melodia, pelo prazer que você sente em tocá-la. Você me olha, me joga, me brinca. Faz um Sol menor em mim. Grita que me adora, berra que me ama. Me bate, me morde, me sufoca de tanto amor. Minha pele é música pros teus dedos. Meu sorriso é inspiração pros teus acordes. E essa partitura só você quem decifra, pois é só você quem me entende. Me rabisca, me alisa, me joga fora. Diz que eu não presto, que sou rascunho de uma canção melhor. Diz que eu sou sinônimo de confusão. Insiste em dizer que sou um instrumento complicado, que minhas notas te confundem, que meus acordes te assustam. Mas volta atrás, sente falta. Tem saudade do som único que minha pele faz quando você a toca. 

 Aninha.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Um sorriso pra um desconhecido.


De repente, você apareceu ali na minha frente segurando a porta do carro e não deixando que eu fosse embora sem dizer meu nome. Com seu sotaque de Minas e com aquela charmosa cicatriz na sobrancelha esquerda, você me disse a coisa mais incrível que alguém que me conhecia a apenas alguns minutos poderia ter me dito. A minha vontade era de sair do carro, deixar tudo pra lá e simplesmente pular nos teus braços mesmo desconhecendo seu sorriso ou seus problemas. Naquele instante foi como se o céu estivesse parado, como se toda minha vida tivesse adquirido sentido. Eu sei que parece clichê, mas você realmente me fez abrir um sorriso que eu quase desconhecia, aquele meu sorriso que eu guardo à 7 chaves, trancado dentro do armário mais seguro que existe dentro de mim, aquele sorriso que poucos já me viram usando, mas que você, um mero desconhecido me fez ter o prazer de usá-lo sem medo algum.
Eu mal sei teu nome, e tenho certeza que nunca te verei de novo. Mas enquanto o que você me disse fizer sentido dentro de mim, vou me lembrar de você, mesmo que nossas vidas nunca mais se cruzem. Porque são momentos assim que eu quero guardar pra sempre. E com toda a certeza, eu quero guardar esse instante só pra mim.


Aninha.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Inocência, carinho, amor.


Eramos como almas gêmeas, que brincavam de esconde-esconde no jardim durante a primavera. Eu sabia exatamente onde você estava, e podia te encontrar com toda a facilidade do mundo. Você dizia que eu estava roubando, gritava dizendo que meus olhos estavam abertos ou que eu estava espreitando por entre os dedos. Eu, por outro lado, contava até dez lentamente e esperava você se esconder entre as árvores. Juro que eu não roubava, apenas sabia pra onde você iria caso eu não estivesse olhando. Era como se o lugar onde você se escondesse brilhasse com toda a força, talvez fosse sua luz própria. Aquela da qual eu sempre tive inveja, lembra? Que todas as noites eu te dizia pela janela do quarto o quanto você era especial? Eu não estava mentindo quando dizia tudo aquilo. Você realmente me fazia sentir como se eu tivesse encontrado a pessoa mais incrível do mundo, e eu agradecia todos os dias por isso quando deitava a cabeça sobre o travesseiro.
Você soltava gargalhadas que contagiavam até a senhora idosa da casa da frente, que te olhava sempre com aquele ar de quem reprende e dizia o quanto você era um moleque bobo que não sabia nada da vida. Minha inocência sempre te surpreendia, e meu olhar sempre te tirava o fôlego. Eu sentia como se eu pudesse ler a nossa história antes mesmo dela ser escrita. Sabia exatamente que nossa amizade ia durar por toda a vida, e que nossas almas se juntariam mesmo quando parássemos de respirar.
Me lembro de todas as suas promessas, de todas as nossas juras com os dedos entrelaçados. Me recordo de todas as risadas inesperadas nos momentos mais inoportunos. Porque você sempre me fazia parecer uma boba, subindo pelas escadas de saia rodada, em quanto você dizia segurá-la pra mim.
E apesar de todas as nossas brigas sem nenhuma explicação, você foi quem eu mais amei durante todos esses anos. E mesmo que eu já tenha gritado que não, naquela vez em que você derrubou cerveja no garoto que me beijava, não era verdade. E sabe como eu sei disso? Porque toda a vez que eu fecho os olhos, nem que seja por um único segundo, a sua imagem invade meus pensamentos. E eu me lembro de todos os teus defeitos e mesmo assim ainda consigo sorrir quando penso em você.


Aninha.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sentimento falecido.


Me passa o açúcar - disse o amor - adoça esse sentimento, que se dizia tão puro e onipotente, que se dizia tão valente e corajoso, e hoje amarga os corações sinceros que buscam sem mais esperança encontrá-lo. Alegra o olhar desses jovens, implorava o amor. Dá juízo a esse ser humano, que em virtude do sucesso do romantismo - que se anda escasso - declara sem ao menos sentir, e esconde no peito o egocentrismo de amar somente a si mesmo e a aquele que enxerga através do espelho. Impõe discernimento nas palavras dessa nova sociedade, que grita aos quatro ventos que o encontrou. Mas, que na realidade se contenta com o ilusório, o irreal inventado pelo próprio subconsciente que busca em qualquer migalha de carinho ressuscitar o falecido amor. Um brinde aos conservadores que procuram por ele, que era tão presente no dia-a-dia e não somente nas propagandas de refrigerante. Um sentimento tão raro que virou banal entre flertes espirituosos e cheios de vaidade. Que sejam banidas as promessas falsas e os sorrisos forçados, que ecoem os sentimentos sinceros que andam desaparecidos. E que por fim, não exista uma ponte sem volta entre o que éramos e o que nos tornamos.
Que o amor ressuscite.


Aninha.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Laranja em pedaços.


E esse meu jeito esquecido de te esquecer me complica cada vez mais, mói meu coração e dilacera meus sentimentos. A cada conversa que temos meus olhos se enchem de lágrimas, mas não por sentir saudade do que fomos, e sim por sentir saudade do que poderíamos ter sido. De um jeito diferente do que aconteceu, sabe? Sem todo aquele drama, ou toda aquela complicação. De um jeito mais simples. De como você dizia que ia ser pra mim antes de termos alguma coisa. Agora que eu sei do jeito exato que você é, eu posso enxergar seus planos de uma forma mais clara e evidente, e entendê-los também. Aliás, você deveria ter me dito que você era assim desse jeito estranho que você é, me poupando de toda aquela propaganda enganosa que você fez. Eu até prefiro você assim, misterioso, complicado e insano. Não que eu ache que a gente deva começar de novo, porque eu nem quero isso. Só de pensar em nós dois juntos de novo meu coração já pede socorro. Não se sinta culpado por isso, meu bem. Claro que você não é culpado por nada. Pelo menos eu prefiro pensar assim. Mas, de um jeito ou de outro acho que esse era o nosso destino. Não é você quem diz que eu acredito nessas coisas de destino? Então, deve ser isso aí mesmo. Um jeito engraçado do destino de dizer que não fomos feitos um pro outro. Que a minha metade da laranja não encaixa na sua metade da maça.


Aninha.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Cores de verão.


Era fim de tarde, nossos corpos se aqueciam entre os lençóis. Seus olhos me fitavam com paciência e suas mãos escorregavam pelo meu corpo como se já o conhecesse. Ele tentava me passar segurança, tentava me fazer confiar em seus planos. Sussurrava em meu ouvido o que eu gostaria de ouvir. Era um completo cavalheiro, ele sabia exatamente o que me dizer. E ele sorria pra mim, e tinha um sorriso assustadoramente lindo, daqueles de tirar o folego de qualquer pessoa. Sua barba roçava em minha pele e me fazia arrepiar. Ele dizia o quão romântico era o fim da tarde, e apesar de eu mal o conhecer, eu confiava plenamente nele. Eu olhava pela janela, respirava fundo e enxergava o lindo arrebol que estava fazendo. O olhar dele estava tranquilo, seus batimentos aparentemente normais, seus braços me envolviam, e, seus beijos me acalmavam. Eu estava completamente entregue a ele, mas ele ainda não sabia disso. Ainda tentava me mostrar o melhor do mundo e me contava das suas histórias. Me mantinha segura do que eu estava fazendo e me parecia seguro do que estava dizendo. Ele era só um breve amor de verão, daqueles que a gente lembra pra aquecer o inverno. Seu jeito era encantador, e sua beleza unica. Se parecia com algum ator de novela qualquer que minha memória se recusava em lembrar. Por algum motivo, meu coração aquecia ao lado dele. E quando nossos olhares se cruzavam eu podia sentir sua alma.
Ali, naquele momento, eu senti que podia ser qualquer coisa. Que ele jamais iria me julgar por qualquer besteira que eu fizesse. E por um único segundo, eu me senti completa. Mesmo estando ao lado de um quase desconhecido.


Aninha.

Crescer.
















Um dia a gente para de ter medo do monstro debaixo da cama.
Toma coragem pra sair de madrugada sem ninguém.
Um dia a gente aprende que crescer não é tão ruim,
Mas que vale a pena não desistir dos sonhos que se tem.

Uma hora a gente perceber que nem tudo é brincadeira.
Cresce um pouco mais depressa e toma rumo pela vida.
Percebe que já sabe botar o pão na torradeira,
E que não gosta do sabor da despedida.



Aninha.